Não se entra no país das maravilhas,
Pois ele fica do lado de fora,
Não do lado de dentro. Se há saídas
Que dão nele, estão certamente à orla
Iridescente do me pensamento,
Jamais no centro vago do meu eu.
E se me entrego às imagens do espelho
Ou da água, tendo no fundo o céu,
Não pensem que me apaixonei por mim.
Não: bom é ver-se no espaço diáfano
Do mundo, coisa entre coisas que há
No lume do espelho, fora de si:
Peixe entre peixes, pássaro entre pássaros,
Um dia passo inteiro lá.
[Antonio Cícero]
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