“Um nome para o que eu sou, importa muito pouco. Importa o que eu gostaria de ser.
O que eu gostaria de ser era uma lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta pelo bem dos outros. Isso desde pequena
eu quis. Por que foi o destino me levando a escrever o que já escrevi, em vez de também desenvolver em mim a qualidade de
lutadora que eu tinha? Em pequena, minha família por brincadeira chamava-me de ‘a protetora dos animais’. Porque bastava
acusarem uma pessoa para eu imediatamente defendê-la.
[...] No entanto, o que terminei sendo, e tão cedo? Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente se
sente e usa a palavra que o exprima.
É pouco, é muito pouco.”
– Clarice Lispector
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Acabar
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Não ames como os homens amam.
Não ames com amor.
Ama sem amor.
Ama sem querer.
Ama sem sentir.
Ama como se fosses outro.
Como se fosses amar.
Sem esperar.
Tão separado do que ama, em ti,
Que não te inquiete
Se o amor leva à felicidade,
Se leva à morte,
Se leva a algum destino.
Se te leva.
E se vai, ele mesmo...
Não faças de ti
Um sonho a realizar.
Vai.
Sem caminho marcado.
Tu és o de todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
Sem dizerem que a esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
Sem te falarem.
Sem lhes falares.
Sê o que renuncia
Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nem esse último gesto!
O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difícil,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos
Humanos,
Esquecidos...
Enganados...
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor...
... E tudo que era efêmero
se desfez.
E ficaste só tu, que é eterno.
— Cecília Meireles.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Alguém que eu criei
Sempre
imaginei como conheceria o cara ideal, meu príncipe, igual o das historias que
contam paras as garotas desde cedo.
Eu pensava
que ele seria diferente, quieto e inteligente. Sonhava com alguém que pudesse
ser também meu amigo e confidente. Imaginei cada detalhe nele, engraçado e boa
gente, bonito e surpreendente.
E um dia
esse cara apareceu. Primeiramente nem prestei a atenção nele, era só um aluno
novo entrando pela porta. Ele passou o dia todo sozinho, não olhava nem para os
lados, isso me chamou a atenção.
Um garoto
simples, com rosto de anime, viciado em jogos e que gostava das mesmas coisas
que eu. Não, será? Perguntava-me. Será
ele quem esperei ate agora? Será ele o sonho que nunca pensei conquistar?
De certa
forma ele era. Tinha tudo, absolutamente tudo o que eu esperava querer. Mas não
nos apaixonamos, namoramos, casamos e tivemos filhos. A vida não é como nas
historias, ela nem mesmo faz o que desejamos.
Hoje somos
bons amigos. E aprendi que não adianta nos forçarmos a gostar de alguém, por
ela ser o que queremos. Não adianta criar a pessoa ideal. Ela pode ate existir,
mas não será necessariamente certa pra você. Entendi que às vezes o certo para
a gente é o todo errado, o que não tem nada haver com o que queríamos. É clichê
dizer, mas, o coração que escolhe certas coisas.
A estrada tem sussurrado coisas tão bonitas para mim,
Coisas tão atraentes e sedutoras,
Toda vez que estou nela e o vento sopra ao meu ouvido,
Fico encantada e suplico:
Me deixes viver tranquilo, estou bem, aqui no meu caminho
Pergunto-te: - Por que me
desejas tanto, por que me queres com domínio absoluto?
Pergunto-te, mas quando estou contigo, já sei o motivo.
Nasci pra seguir caminho, pra seguir em frente, independente
do quão ruim esteja à estrada, nasci pra conhecer a vida, pra observar as
historias que passam corridas, pelas janelas da minha própria historia.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
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